quinta-feira, 21 de maio de 2009

Os Santos Populares e "OS MELROS"

Há tradições que o tempo não apaga e importa salvaguardá-las como património cultural que, efectivamente, são.Estamos a falar deste mês de Junho e dos Santos Populares.

Primeiro vem o Santo António, no dia 13; segue-se o S. João, no dia 24; e, para acabar as festas, no dia 29 comemora-se o S. Pedro. E lá diz a cantiga, também ela popular: «Santo António já se acabou, o S. Pedro está a acabar, S. João, S. João, dá cá um balão para eu brincar.»

Num país tradicionalmente religioso e basicamente católico, algumas festas adquiriram uma raiz um pouco pagã, ainda que não esquecendo as suas origens. Não vamos, pois, relatar a história dos três santos que marcam este mês, nem as razões subjacentes à sua santidade. Vamos antes recordá-los – alegres e jocosos – como a tradição popular os trouxe até nós.

O Santo António, atrevido, brejeiro e casamenteiro, não tem mãos a medir, com as raparigas a pedirem uma «ajudinha» para encontrarem um noivo que lhes sirva. Com bilhetes escondidos sob as peanhas das imagens ou com pedidos verbais e às claras, muitas fazem promessas e algumas garantem, anos mais tarde, ter encontrado o amor da sua vida na noite de Santo António. Ainda que comemorado em todo o país, o Santo António é mais festejado em Lisboa e os seus dotes casamenteiros traduzem-se por iniciativas várias, nomeadamente as famosas «noivas de Santo António».Num tempo de alegria, não faltam os desfiles e as marchas populares, os arraiais de sardinha assada e bifanas, os bailaricos e outras diversões, sobretudo nos bairros mais tradicionais.

Este ambiente de grande entusiasmo e euforia estende-se ao Porto, onde o santo que baptizou Cristo não tem mãos a medir na noite de 23 para 24. Num tempo de manjericos, não faltam os alhos-porros para bater nas cabeças de quem passeia, mais recentemente os martelinhos e os raminhos de flores que se dão a cheirar a quem passa, às vezes com perfumes de gosto muito duvidoso. Correm-se as ruas, dança-se não importa com quem, soltam-se os cantares e as ruas do Porto, sobretudo as mais características, enchem-se de cascatas com as crianças a pedirem mais uns tostões para alindar a obra que é de todos e homenageia o S. João. E há quem percorra toda a cidade, a pé, desde o escurecer à madrugada, passeios «refrescados» com cerveja e vinho, muitos terminando num sono, mais ou menos reparador, na relva da Avenida dos Aliados.

O S. Pedro, que acompanhou Cristo e se tornou num dos seus Apóstolos, marca o fim do mês e das festas, sobretudo no Norte do País. Já os foliões estão um pouco cansados, o que não os impede de ainda saltar fogueiras e, já com saudade, começar a preparar os festejos do ano seguinte.

São estas tradições importantes do nosso país e trazem até nós muitos estrangeiros, curiosos dos costumes nacionais, enquanto beneficiamos deste nosso sentir alegre e prestamos homenagem aos santos que fazem parte do nosso património religioso.
Num tempo em que se fala em divisões e bairrismos num sentido nem sempre positivo, convém lembrar que é exactamente nesse bairrismo que vivemos o que de melhor têm as festas populares.

Excertos de artigo em

http://www.audacia.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEuyEklFlyLIFzKKJq






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